Na obra "Utopia" do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, no qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. No entanto, o que observa-se na realidade contemporânea é o oposto do que o autor prega, uma vez que o estigma associado as doenças mentais apresenta barreiras as quais dificultam a concretização dos planos de More. Esse cenário antagônico é fruto tanto da negligência governamental quanto da discriminação por parcela da sociedade verde-amarela. Diante disso, faz-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento coletivo.
Nessa perspectiva, acerca da lógica referente aos transtornos mentais, é válido retomar o aspecto supracitado quanto a omissão estatal nesse caso. Segundo Thomas Hobbes, é dever do Estado garantir o bem-estar da população. Tal concepção, todavia, não se aplica a conjuntura hodierna, visto que, os ausentes investimentos em projetos de assistência e reversão desse quadro potencializam a problemática abordada. Isso resulta na exclusão de pessoas que sofrem de depressão, ansiedade, transtorno de bipolaridade entre outros transtornos, comprometendo a formação de uma nação engajada e democrática.
Além disso, é primordial destacar a discriminação contra esses indivíduos no Brasil. Desse modo, conforme o sociólogo Erving Goffman, o estigma caracteriza-se por atributos profundamente depreciativos estabelecidos pelo meio social. Nesse contexto, percebe-se como as pessoas diagnosticadas com doenças psíquicas sofrem com tal depreciação na sociedade brasileira, por serem, muitas vezes incompreendidas, julgadas e violentadas de forma verbal e física. Dessa forma, ocorre a marginalização desses grupos, fato que os distancia da valorização no país.
Depreende-se, portanto, que o estigma associado as doenças mentais na sociedade brasileira, ainda se configura um desafio a ser sanado. Nesse sentido, torna-se essencial que o Ministério da Educação — órgão responsável por executar as políticas públicas da educação — crie, por intermédio de verbas estatais palestras para pais e alunos interativamente, visando desconstruir preconceitos, tendo como consequência a construção de um país mais justo e igualitário a partir do âmbito educacional. Só assim a sociedade terá sua felicidade mantida como afirma a lógica de Nicolau Maquiavel.