No filme "Palavras nas Paredes dos Banheiros", Adam, um adolescente estudante do ensino médio, descobre após um surto psicótico que possui esquizofrenia, um distúrbio mental que causa alucinações desestabilizantes. Por causa disso, é forçado a trocar constantemente de escola em decorrência do bullying e da exclusão que sofria por parte de alunos e professores por possuir tal condição. Mesmo se passando nos Estados Unidos, o filme serve de espelho para a situação de milhões de brasileiros em posições semelhantes ao do protagonista.
Sob esse viés, pode-se notar a forte psicofobia no país. Caracterizada como uma antipatia e aversão a portadores de doenças mentais, é um conjunto de micro agressões extremamente naturalizada e disseminada no Brasil, o que contribuindo para a segregação desse grupo. Essa hostilidade envolta do debate sobre saúde mental está fortemente interligada à sociedade patriarcal, a qual promove uma série de mitos sociais que reforçam a ideia de "homens de verdade" os quais não possuem sentimentos ou fraquezas. O resultado deste tipo de "senso comum" é a falta de desenvolvimento pessoal e emocional por parte dos afetados, resultando um encapsulamento de emoções negativas, fazendo-os buscarem conforto em atividades insalutíferas, tais como drogas e bebidas alcoólicas. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de mulheres que sofrem com depressão é 30% maior do que os dos homens, no entanto, a taxa de suicídio entre o sexo masculino é mais de 70%, por serem menos prováveis de procurarem ajuda médica e temerem o julgamento social.
Em resumo, essa degradação gerada pela sociedade apenas favorece a marginalização das próprias pessoas que a compõe. Conclui-se, portanto, que as medidas necessárias para diminuir os impactos do estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira, seja a produção de programas audiovisuais (filmes, comerciais, novelas etc), por serem mais acessíveis pela população em geral. Sendo de responsabilidade da Ancine (Agência Nacional de Cinema) em conjunto com o Ministério da Saúde, desenvolverem projetos de incentivação à procura de tratamento médico e ser assim um começo para normalização dos transtornos psicológicos na sociedade.