Na biologia, o Daltonismo é uma doença que afeta os cones, pequenas estruturas dos olhos responsáveis por captar diferentes comprimentos de luz e permitindo enxergar cores, e um tipo dessa deficiência faz com que a pessoa perceba o mundo ao seu redor de maneira totalmente cinza. Esta situação é análoga à realidade de muitos jovens brasileiros que lidam com a depressão e outros transtornos mentais, fazendo com que percam a perspectiva de futuro e vivendo uma vida mais cinza. Sob esse viés, é fundamental discutir sobre a baixa saúde mental infanto-juvenil no nosso país e as principais causas que corroboram com esse problema: o acesso demasiado à internet e o isolamento social.

De início, é preciso considerar o efeito da exposição dos jovens ao excesso de informação proveniente da internet. Nas palavras do sociólogo Zygmunt Bauman, “Muita informação não significa sabedoria”, demonstrando perfeitamente o que ocorre nas redes sociais. A cada segundo, as pessoas são bombardeadas com novos conteúdos, lícitos ou não, e expostas à realidades que não condizem com as quais vivem, como as dos grandes influenciadores digitais. Nessa ótica, tal comportamento gera expectativas irrealistas nas crianças e adolescentes, principalmente com relação aos padrões de beleza e status social, levando-os ao sentimento de ansiedade e depressão por medo de não atenderem tais idealizações.

Ademais, cabe mencionar a piora do efeito supracitado em decorrência do isolamento social. Segundo dados da OMS, a pandemia de Covid-19 desencadeou um aumento de 25% nos casos de transtornos psicológicos em todo o mundo. O período de quarentena, além de aumentar o tempo de exposição às telas e mídias sociais, também privou os jovens de atividades básicas para o ser humano como o contato físico e a convivência em sociedade, elevando os níveis de estresse e a sensação de desamparo. Sob essa perspectiva, o apoio de uma comunidade acolhedora torna-se imprescindível para a superação desse problema, visto que uma rede de apoio é fundamental para a garantia de uma saúde emocional estável.

Portanto, para lidar com os problemas de saúde mental da população infanto-juvenil, cabe a família oferecer total apoio e compreensão por meio do diálogo e comprometimento com o tratamento com a ajuda profissional. Além disso, as escolas, em parceria com psicólogos locais, podem organizar momentos de convivência e informação entre estudantes dessa faixa etária a fim de conscientizar e formar uma rede de apoio. Desse modo, haverá esperança de que os jovens do Brasil vivam vidas menos cinzas.