Promulgada pela Organização das Nações unidas(ONU), em 1941, a Declaração Universal dos Direitos Humanos garante a liberdade e a segurança pessoal a todos os indivíduos. No entanto, ao analisar os desafios da mobilidade urbana no Brasil, nota-se que esses dizeres não são consolidados. Nesse contexto, é pertinente analisar como o sistema econômico vigente associado à precariedade dos transportes públicos fomentam essa problemática.

Inicialmente, é necessário analisar como o consumismo corrobora com essa mazela. De acordo com Zygmunt Bauman, a "modernidade líquida" vivenciada no século XX induz os consumidores a adquirirem produtos, haja vista que consumir exacerbadamente garante uma posição social e proteção da autoestima. Análogo ao justaposto do sociólogo, no contexto atual, o indivíduo brasileiro mantém o status quo de consumo, sempre almejando automóveis novos e portanto, evitando transportes públicos. Desse modo, as estradas lotam de veículos que suportam poucas pessoas e, assim, tem-se a manutenção desse problema.

Ademais, convém elucidar o óbice oriundo do transporte coletivo. Proclamada em 1988, a Constituição Federal garante o direito de ir e vir aos brasileiros. Conquanto, ao esmiuçar as condições dos meios de transporte oferecidos ao público, é evidente que esses pressupostos não são efetivados, tendo em vista que os preços de passagens são elevados e os serviços prestados são precários. Isso vem à tona ao contemplar a falta de segurança e comodidade dentro desses veículos, uma vez que há superlotações, assaltos e desconforto.

Infere-se, portanto, que a mobilidade urbana é uma grande chaga presente no cenário brasileiro. Diante disso, urge que o Governo invista em transportes coletivos, de modo a incentivar o seu uso. Isso seria feito através de melhorias realizadas nos veículos, associado a divulgação da importância dessa categoria de transporte, uma vez que geram menos poluição e ocupam menos espaço geográfico. Dessa maneira, o investimento governamental visa garantir que ônibus, trens e metrôs sejam meios de transporte dignos, seguros e acessíveis. Sob tal perspectiva, espera-se que os Direitos Humanos propostos pela ONU se efetivem no Brasil.