Na canção sertaneja "Saudade da minha terra", o eu lírico menciona aspectos de sua região natal dos quais teve que abandonar em busca de melhores condições de vida. Esse cenário é perceptível no contexto brasileiro haja vista que o deslocamento por fatores econômicos é uma realidade. Sendo assim, analisa-se que a migração interna no Brasil é resultado da distribuição socio-espacial destoante e gera discussões se é positiva ou negativa para o país.
De início, afirma-se que o processo migratório é necessário para suprir a oferta e demanda de emprego. A construção de Brasília, principal projeto de Juscelino Kubitschek, atraiu indivíduos de todo o país devido à quantidade de trabalho disponível ser superior a população da região na época. Sob esse viés, constata-se que a migração interna é benéfica ao atenuar as disparidades populacionais e mercadológicas ente os estados brasileiros. Nesse contexto, conclui-se que tal processo geográfico contribui ao distribuir o corpo social de acordo com a carência de cada localidade, ação positiva tanto para quem busca quanto para quem gera renda.
Por outro lado, a urbanização desigual e acelerada do Brasil provocou efeitos maléficos que são atribuídos à migração. Historicamente, o país desenvolveu-se no litoral e, com o sucesso do café e da mineração, a região Sudeste foi privilegiada com maiores investimentos. Como resultado, a atratividade local refletiu no inchaço urbano e em problemáticas como tráfego lento e violência. Dessa forma, constata-se que o fluxo interno de pessoas apenas ressaltou falhas presentes nas cidades brasileiras, isto é, a falta de planejamento urbano e a negligência Estatal em relação ao cumprimento de direitos como segurança são os verdadeiros responsáveis pelas adversidades das metrópoles.
Portanto, reafirma-se que a migração interna age solucionando as desigualdades inter-regionais, mas também ressalta as problemáticas urbana já presentes no Brasil. A fim de amenizar as consequências do inchaço urbano, cabe ao Governo Federal a criação de uma pacote de infraestrutura que amplie a oferta de transporte público, como metrôs e ônibus, e de moradias populares. Assim, o fluxo migratório por motivos econômicos será acompanhado de qualidade de vida, beneficiando imigrantes e demais moradores metropolitanos.