A mulher invisível, personagem do filme “O quarteto fantástico”, utiliza o poder da invisibilidade para combater o mal, fora da ficção tal poder se torna um problema, já que o acesso à cidadania não é garantido aos indivíduos sem registro civil, tornando-os assim, invisíveis. Nesse contexto, é responsabilidade do Estado tornar todos os cidadãos visíveis e garantir o pleno acesso aos direitos que lhes são resguardados.

Primeiramente, cabe a análise sobre a gênese do revés. Mesmo após o registro civil se tornar gratuíto na década de 90, aproximadamente 3 milhões de brasileiros não possuiam o documento em 2015, segundo o IBGE. A falta de informação e consciência social sobre a importância da certidão de nascimento segrega uma parcela da população que não goza de seus direitos. Sendo assim a ignorância se apresenta como um obstáculo à inclusão social e política. Além disso, os moradores da zona rural possuem desafios ainda maiores nesse cenário, uma vez que a distância entre os locais de registro e o local de moradia se apresenta como um entrave.

Sob tal perspectiva, Thomas Hobbes afirma que é dever do Estado proporcionar meios que auxiliem no progresso de toda a coletividade, no entanto, isso não é observado na conjuntura hodierna, já que os não portadores do registro de nascimento são impossibilitados de realizarem matrículas em escolas e expedir o título de eleitor, não usufruindo assim dos direitos à educação e ao voto.

Dado o exposto, urge a necessidade de medidas estatais para solução do problema. Portanto, o governo federal deve propiciar a interiorização dos postos de registro civil para as zonas rurais, por meio da construção de estabelecimentos responsáveis pela expedição de certidões de nascimento, além de promover campanhas informativas sobre a importância da atuação como cidadão no país, através da TV, rádio e carros de som, para que dessa maneira todos os cidadãos brasileiros sejam registrados e se tornem visíveis para o Estado e para o mundo ao seu redor.