Na Grécia Antiga, quando havia o desejo de excluir a mulher das atividades sociais e cívicas, por considerá-las seres inferiores aos homens, lhes eram retirado o direito de opinião, de voto, de lazer e consequentemente, de dignidade. Milhares de anos se passaram desde essa época, mas os direitos, mesmo que involuntariamente, continuam sendo negados à grupos minoritários.
Apesar da gratuidade dos documentos, a falta de registro civil à milhões de brasileiros, em sua maioria pessoas em vulnerabilidade social (pobres, pretos, transsexuais etc) nos mostra que o problema perpassa o financeiro e está inserido diretamente na maneira que: a) essas pessoas são vistas pela sociedade de forma geral; e b) que elas se vêem a partir da perspectiva que lhes foi dada.
É garantido pela constituição o direito à educação e saúde, bem como o direito à moradia, alimentação, lazer e cultura, entretanto, tudo isso é garantido ao cidadão brasileiro, com registro civil, e o que fazer quando não há o documento? isto torna impossível o cidadão ser visto com humanidade perante à sociedade. À quem interessa retirar não só a cidadania, mas também a dignidade destas pessoas?
O Estado possui conhecimento necessário para entender que a medida da gratuidade não tem sido efetiva na resolução deste problema. Portanto, há o dever de todas as esferas públicas assumirem o papel de resolver essa situação, com campanhas, núcleo de apoio, ações e, principalmente, o diálogo com estes grupos minoritários para que todas as pessoas privadas de seus direitos entendam e tenham suas vivências respeitadas como deveria ser.