Historicamente, o Brasil é um país que cresceu economicamente em decorrência do trabalho forçado, nessa ótica, com a Lei Áurea houve a abolição da escravidão, no entanto, não houve a preocupação com medidas que inserissem o escravo liberto em sociedade, dessa forma, sofriam muito e encontravam situações precárias de trabalho. Analogamente a isso, assim como no tempo da escravidão a maioria dos trabalhos de cuidado é feito por mulheres negras e mestiças, o que demonstra que a questão social é perpetuada, gerando consequências para uma sociedade em desenvolvimento.
"Amas de leite" era a forma que eram intitulada as escravizadas que cuidavam e amamentavam os filhos de suas senhoras, em sua grande maioria exerciam o papel de "mãe" dessas crianças negligenciadas. Nesse sentido, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres trabalham mais de nove horas semanais em relação aos homens, quase o dobro, demonstrando assim que reverbera um pensamento retrógrado enraizado na sociedade onde delimita o papel da mulher para cuidado e serviços domésticos, assim como acontecia nos casarões do período colonial brasileiro.
Consequentemente, devido a exploração e o salário mal remunerado, mulheres em situação de pobreza assumem o trabalho de cuidado em alguns casos estando despreparadas para exercê-lo, mas vendo como uma única opção. Diante disso, de acordo com o IBGE meninas de a partir de 14 anos já ingressam como cuidadoras de crianças, idosos, pessoas com doenças ou deficiências, o que pode prejudicar a vida escolar dessas jovens. Ademais, o IBGE contabilizou o número de crianças nascidas de 1960 a 2020, que caiu de 6,3 por cento para 1,5 por cento, onde o principal fator é a participação da mulher no mercado de trabalho, um avanço social, mas que ainda apresenta deficitários.
Portanto, e imprescindível que medidas sejam tomadas para assegurar o direito das mulheres que trabalham com cuidado. Diante disso, urge ao Governo Federal, órgão responsável pelo bem estar social, em parceria com o Ministério do Trabalho faça a devida fiscalização quanto ao tempo de trabalho e salário dessas mulheres, além de investir em campanhas de conscientização que demonstrem a importância do acolhimento familiar. Dessa forma, haverá de fato a valorização das profissionais do cuidado, fazendo com que o corpo-social brasileiro trabalhe em harmonia.