Thomas More, filósofo inglês, descreve em sua obra "Utopia" uma sociedade perfeita, que convive em ideal harmonia política, social e religiosa. Entretanto, no que tange a realidade, é notável na sociedade brasileira uma situação antagônica em relação à relatada no livro uma vez que, a intolerância religiosa ainda é um problema a ser combatido no país. Nesse viés, tanto o preconceito histórico enraizado em parte da população, quanto a negligência do Estado são causas contundentes para a continuação dessa mazela social.
Primeiramente, o preconceito histórico em relação a algumas religiões contribui para a intolerância vivenciada. Segundo dados governamentais, a maioria das denúncias envolvendo intolerância religiosa partiu de praticantes de religiões afro brasileiras. Assim sendo, a discriminação experimentada têm raízes na escravidão iniciada com a colonização do país, que trouxe ao Brasil milhões de africanos, pessoas que tinham suas próprias religiões e cultura, porém eram considerados seres humanos inferiores, assim como suas crenças.
Ademais, a ineficiência estatal, principalmente no que diz respeito a educação, também é fator preponderante para a perpetuação do crime de intolerância religiosa, previsto no código penal. Para Immanuel Kant, filósofo alemão, "o indivíduo é aquilo que a educação faz dele". Assim, a falta de uma educação voltada à informação acerca da importância do respeito e tolerância a todas as religiões e crenças torna esse crime inaceitável um elemento presente em toda a sociedade.
Portanto, é necessário que medidas sejam tomadas para remediar a problemática da intolerância religiosa no Brasil. Logo, cabe ao Ministério da Educação, promover políticas educacionais voltadas à tolerância religiosa, por meio de currículos escolares e programas lúdicos como, por exemplo, eventos em escolas e universidades, debates, entre outros, a fim de conscientizar jovens e crianças. Dessa forma, será possível criar uma geração que viva em harmonia, tornando a Utopia de More realidade.