No livro "Utopia" de Thomas More, é retratado um ambiente ideal, no qual a consciência coletiva e eficiência do Estado são ferramentas cruciais para o avanço da nação. Fora da obra, é fato que a recusa social em aceitar fatos científicos impede a concretização dos planos de More, já que representa um obstáculo para uma sociedade alienada e passiva como a brasileira. Nesse sentido, a forte mentalidade individualizada associada ao desvio de atenção do Estado, proporciona amplo sentimento de negação a fatos comprovados.
Em primeiro lugar, é válido reconhecer que o negacionismo científico é uma ocorrência atual. Isso, infelizmente, é uma consequência direta da mentalidade social formulada em padrões culturais. Além disso, é por causa dessa bolha sociocultural, que a alienação é formada: ao presenciar o crescimento gradativo e frequente da falta de informações instituída a termos novos, as pessoas tendem a habituar-se ao confortável. De acordo com a escritora Simone Beauvoir, vive-se uma realidade firmada no senso comum, em que o conhecimento popular, adquirido pela observação e repetição de questões, formam estereótipos. Paralelamente, percebe-se que o indivíduo, inserido nesse panorama, é condicionado a padronizar a opressão a novidades como um fato cotidiano e normal, seguindo alienado.
Por conseguinte, nota-se um aumento da negligência governamental acumulando-se na sociedade. Conforme a "Atitude Blasé"- termo proposto pelo sociólogo alemão Georg Simmel- ocorre quando o sujeito passa a agir com indiferença em meio às situações que ele deveria dar atenção. Em priori, esse termo se assemelha ao descaso com problemas sociais transmitidos pelo Estado, que por efeito, encoraja a população a ignorar os novos vislumbres tecnológicos e descobertas, tornando-se ignorante diante do problema, e cooperando com o surgimento de impactos. Sob esse prisma, entende -se que, ao analisar a permanência do determinismo e negacionismo adotado por campos nacionais o ser humano inclina a adotar essa "Atitude", tornando-se passivo e inerte com a problemática.
Fica exposta, portanto, a necessidade de medidas para mitigar a indiferença com a ciência. Destarte, as Secretarias de Educação devem desenvolver projetos educacionais, por meio de palestras e de dinâmicas que levem profissionais a debateram sobre aspectos científicos enfrentados no cotidiano, uma vez que diferentes perspectivas sensibilizam os estudantes. Outrossim, o Ministério da Saúde, aliado a mídias, deve redigir propagandas que visem informar a sociedade sobre os impactos de negar a ciência, a fim de mostrar seus impasses sociais, e se fazer presente em assuntos que envolvam o dever do governo. Somente assim, será possível combater o problema e obter um local como na “Utopia” de More.