Idealizado pelo filósofo Raimundo Teixeira, 1889 com base nos princípios do positivismo, o lema "Ordem e Progresso", escrito na bandeira brasileira, expõe um dos objetivos da nação: o avanço da sociedade mediante a defesa da ordem. A efetivação desse objetivo, porém, mostra-se distante uma vez que o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira configura um grave desafio a ser enfrentado pela população. Nessa lógica, é preciso analisar não só a práticas discriminatórias como também a falta de recursos e acesso a tratamento.
Em primeiro lugar, no filme estadunidense "The Joker", estrelado por Joaquim Phoenix, o qual retrata a vida de Arthur Fleck, um homem que, em virtude de sua doença mental, é excluído e discriminado pela sociedade, tem seu quadro clínico intensificado. Fora da analogia, é visto que no Brasil, o preconceito e práticas discriminatórias, são fatores nas quais agravam e contribuem para o aumento do estigma. Além disso, o Brasil é, segundo a organização Mundial de Saúde (OMS), o país com a população que apresenta a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo.
Em segundo lugar, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) da situação do programa da Estratégia de Saúde da Família (ESF), cerca de 34% da população brasileira não tem acesso a serviços de saúde mental, acarretando a impossibilidade de muitas pessoas procurarem ajuda. Ademais, em relação à pandemia foi visto um aumento de até 82,9% no agravamento dos sintomas de pacientes que sofriam com algum tipo de doença mental, no Brasil, decorrente de um estudo realizado recentemente pela Associação Brasileira de Psiquiatria, justamente pelo fato de que o acesso aos serviços de saúde mental diminuiu gravemente durante a pandemia.
Logo, tendo em vista os aspectos apresentados, o Estado, sendo responsável por garantir o bem-estar e atender as necessidades da sociedade brasileira, deve promover campanhas de conscientização pública em larga escala sobre saúde mental e os desafios enfrentados pelas pessoas com doenças mentais por meio de recursos de comunicação, como: vídeos, panfletos, pôsteres e anúncios de serviço público, além de Investir em uma rede de serviços de saúde mental acessíveis e de alta qualidade em todo o país, através da implementação de programas de telemedicina, para garantir que pessoas em áreas remotas e rurais tenham acesso a serviços de saúde mental de qualidade. A partir disso, os brasileiros verão direito à saúde mental de qualidade, garantido pela Carta Magna, como uma realidade.