O Brasil foi o último país livre, da América, a abolir a escravidão judicialmente, com a assinatura da princesa Isabel em 1888. Mesmo que a data seja comemorada na atualidade, historicamente, ela não representa uma conquista, mas a construção de uma estrutura que move os vários eixos do país a um eterno retrocesso.
O sistema levantado a partir da "libertação" foi responsável pela segregação dos negros para as periferias territoriais e sociais: segundo o IBGE, em 2014, 76% da população de classe baixa era composta por negros. Empregos derivados da cultura escravocrata, como o de empregada doméstica, reforçam o ideal do branco como detentor do poder e das leis, enquanto o negro é o servo. Ademais, de acordo com a Fundação Seade, no mesmo ano, 52,6% das empregadas domésticas eram negras, o que confirma tal teoria.
A falta de representantes governamentais negros pode ser analisada como um esquema de exclusão desde a infância, já que grande parte desta população nunca teve acesso a um ensino que a enxergasse como merecedora de parte do poder. Desse modo, um verso muito conhecido se traduz na atualidade:"é que o de cima sobe, e o de baixo desce".
Portanto, vê-se necessário que o Ministério da Educação, em consonância com as escolas públicas, crie um projeto de incentivo ao pensamento crítico de jovens a partir de aulas sobre a história dos negros no país e a obrigatoriedade do ensino de Sociologia. O projeto teria como fim a criação do ideal de cidadania e igualdade nestes jovens, valorizando a educação como a principal ferramenta para a modificação das estruturas.