A Constituição Federal de 1988 - norma de maior hierarquia do sistema jurídico brasileiro - prevê em seu artigo 5°, a todos, igualdade perante a lei. Entretanto, tal igualdade não se oficializa na prática, uma vez que a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil ainda é uma realidade. A partir disso, destaca-se duas problemáticas: a desvalorização de trabalhos de cuidado e a desproporcionalidade entre os gêneros na taxa de empregabilidade.
Em primeira análise, é possível observar que cuidadores de crianças idosos ou pessoas com deficiência não têm o reconhecimento e a valorização devidos de seu trabalho. Prova disso recai no fato de que esses trabalhadores são mal pagos e muitas vezes não remunerados, além da situação de julgamento e preconceito que vivenciam frequentemente por não exercerem uma função considerada digna aos olhos da sociedade.
Ademais, vale ressaltar a desigualdade entre gêneros percebida no mercado de trabalho, tendo em vista que as mulheres representam uma baixa porcentagem nos níveis de indivíduos empregados formalmente. Essa situação ocasiona a migração de muitas mulheres para a atuação exclusiva no setor doméstico ou no trabalho informal e autônomo. Isso contribui para a permanência da idealização da mulher como apenas trabalhadora do lar.
Infere-se, portanto, a necessidade de que haja, partindo do governo, através do Ministério do Trabalho em parceria com o Ministério das Mulheres, a sanção de leis, não somente que valorizem o trabalho de cuidado, ou tornando-o bem remunerado, ou garantindo maior visibilidade, mas também leis que predigam à mulher maior dignidade e valorização no âmbito trabalhista, igualando o salário ao dia um homem que exerce a mesma função, a fim de que a igualdade prevista no artigo 5° da Constituição Federal torne-se realidade no Brasil.