Na obra "Quarto de despejo" de Carolina de Jesus, é retratada a vida de uma mulher negra e marginalizada que visa cuidar das pessoas ao seu redor, mesmo cercada pela miséria e pobreza. Sob esse viés, infelizmente, a realidade citada não faz-se diferente da de tantas outras brasileiras, visto que, prevalecem os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher. Seja pelo pensamento arcaico enraizado na sociedade, ou até mesmo a ineficiência estatal.

Primordialmente, o pensamento arcaico enraizado na sociedade é observado desde o Período Medieval, em que a função da mulher era apenas casar, ter filhos, cuidar do lar e marido. Enquanto a função do homem era trabalhar fora de casa. Assim, exercer essas funções se tratava apenas de "obrigação" da mulher. Dessa forma, a visibilidade do trabalho feminino e a ajuda masculina em afazeres domésticos se tornava apenas um sonho distante. "Se queres prever o futuro, estuda o passado", assim afirma o pensador e filósofo chinês, Confúcio.

Outrossim, a ineficiência estatal mediante a causa é um dos principais fatores motivadores da problemática, pois, é observado, na sociedade contemporânea atual, que não existem ações que visem a mudança do cenário vivenciado pelas cidadãs brasileiras. Desse modo, parte da teoria para a realidade o que Zygmunt Bauman chama de "Estado Zumbi", onde o Estado não exerce sua determinada função, causando uma perspectiva de "zumbi" e acarretando a negligência e abandono de direitos civis a seus cidadãos.

Portanto, é imprescindível que medidas cabíveis sejam tomadas, para isso, é necessário que o Ministério da Cidadania, Ministério da Educação e as mídias sociais, juntos, busquem conscientizar a população, por meio de palestras em ambientes escolares e nas redes sociais, trazendo assim, reconhecimento a problemática que é recorrente no território nacional, com a finalidade de, assim, finalmente, amenizar o obstáculo visível na população. Desse modo, fazendo com o que obras como "Quarto de despejo" se tornem realidades passadas na vida de brasileiras. Dessa forma, o Brasil se aproxima de se tornar uma nação utópica.