O filósofo francês Sartre, seguindo a vertente existencialista, afirma que cabe ao ser humano decidir seu modo de agir e reagir, pois este seria livre e responsável. No entanto, percebe-se a irresponsabilidade da sociedade no que concerne à questão da invisibilidade do trabalho de cuidado feito por mulheres no Brasil. Dessa forma, a valorização de serviços de assistência humana destaca-se como um desafio hodierno, influenciado, principalmente, pela falta de incentivos da população para a mulher, e dificultado em razão da inoperância estatal no imbróglio.
Em primeira análise, a escassez de incentivos oferecidos à tal maneira de trabalho é preocupante. Isso, porque, no país, a desmotivação sofrida pela parcela feminina que tem o cuidado de pessoas como emprego prejudica na valorização deste, já que fragiliza a maneira em que as mulheres são tratadas, naturalmente vistas como inúteis ou incapazes de poderem alcançar realizações pessoais. Nesse ponto de vista, o filme “Me Before You”, estrelado pela renomada atriz Emilia Clarke, retrata as dificuldades e preconceitos passados da protagonista, trabalhando com o cuidado de um indivíduo tetraplégico. Fora da ficção, o tema da obra é encontrado no cotidiano brasileiro, em que pessoas com a mesma forma de trabalho da personagem principal são destratadas e desestimuladas pela sociedade. Dessa forma, soluções necessitam ser idealizadas para o fim do estigma.
Ademais, vale ressaltar que a inércia do Estado provoca, cada vez mais, a invisibilidade dos serviços de assistência pela porção feminina. Isso ocasionado, pois sem reforços estatais, tal estratégia de obtenção de uma boa renda seria falha, em razão da continuidade de um emprego com baixa taxa de remuneração, não sendo reconhecido como um trabalho de fato. Nessa óptica, a Constituição Federal de 1988 — documento instituído para a garantia de direitos sociais, civis e políticos —, em seu Artigo 6°, procura assegurar, entre diversos direitos, o trabalho. No entanto, diferente da ideia no papel, a parcela cuidadora de pessoas no Brasil sofre com a realização do que está escrito, devido à pobre valorização e reconhecimento da “profissão” pelo governo. Assim, medidas precisam ser tomadas para o fim da problemática.
Portanto, para que os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado pela mulher não mais estejam em questão no país, é necessário que rígidas ações sejam tomadas. Dessa forma, torna-se imprescindível que o Estado — principal instituição responsável pelo bem-estar social — tome medidas no sentido de tornar o emprego das cuidadoras valorizado, como a formalização do trabalho (através do Ministério do Trabalho) e a divulgação para a população da importância deste (por meio da mídia). Assim, Sartre confirmaria sua ideia.