De acordo com a filósofa alemã Hannah Arendt quando um erro é cometido muitas vezes, as pessoas tendem a normalizá-lo. Nesse sentido, a sociedade brasileira normalizou a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado por mulheres, tornando os desafios para enfrentar esse entrave cada vez mais difícil, uma vez que o preconceito e a negligência governamental configuram as maiores problemáticas desse pernicioso cenário.
Sob esse viés, é notório destacar que o preconceito por parte da sociedade tem crescido drasticamente ao longo dos anos em relação ao trabalho exercido pelas mulheres. Isso porque as mulheres são vistas como pessoas inferiores, principalmente se forem pobres ou de etnia diferente, por exemplo, gerando consequências piores além do preconceito, como o machismo. Prova disso recai à uma pesquisa realizada pelo G1, na qual 11,7% das pessoas mal remuneradas são mulheres em relação aos homens.
Ademais, a negligência governamental também contribui para essa problemática. A obra "A República" do filósofo ateniense Platão retrata um Estado perfeito, uma utopia. Análogo ao pensamento de Platão, o Estado brasileiro falha ao não ofertar políticas públicas que visem tornar visível a importância do trabalho de cuidado exercido pelas mulheres, gerando falta de oportunidade de emprego para muitas.
Portanto, para enfrentar os desafios da invisibilidade do cuidado de trabalho realizado pelas mulheres, é necessário que o Ministério da Educação - órgão responsável pela educação brasileira - promova palestras nos âmbitos escolares, a fim de mostrar aos alunos desde cedo as consequências pelo preconceito gerado em relação ao trabalho exercido por mulheres. Também é necessário que o governo promova propagandas conscientizando a população sobre a importância desse trabalho. Somente assim, o Brasil deixará de ser um lugar que normaliza essa invisibilidade.