Em Utopia, obra de Thomas More, é retratada uma sociedade cuja essência não constitui problemas ou conflitos. Entretanto, é notório que tal preceito não condiz com a realidade brasileira. Apesar de evoluções, a persistência dos desafios associados aos trabalhos de cuidado realizado pela mulher ainda persiste de forma árdua. Sobretudo, a invisibilidade e pensamento social pré-estabelecidos dificultam o confinamento do impasse.
De antemão, é válido ressaltar que a inércia midiática, ou seja, a ausência de notoriedade do tema, dificulta sua resolução. Segundo a filósofa brasileira Djamila Ribeiro, para um problema ser de fato solucionado, é primordial que antes saia da invisibilidade. Dessa forma, ressalta-se a necessidade da existência de medidas efetivas para ser erradicada a insistência do empecilho.
Ademais, conceitos estabelecidos e estagnados no âmbito social reforçam a necessidade de intervenção nessa injúria. Em consonância, as ideias de machismo ainda presentes reforçam as consequências da inação. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres desdobram de 21,4 horas semanais em afazeres domésticos ou tarefas de cuidado, relação essa quase duplicada em relação aos homens, que executam 11,0. Assim, tais estatísticas são capazes por si só de demonstrar a persistência do senso comum opressivo.
Portanto, torna-se imperioso que medidas sejam elaboradas e executadas para a resolução do problema. Urge ao governo realocar verbas estatais afim de garantir a promoção de políticas públicas que visem proporcionar uma conscientização popular acerca das disparidades ocasionadas ao sexo feminino, tais como campanhas comunicativas e a reestruturação de preceitos tendenciosos. Contudo, tal medida seria capaz de garantir o exílio da universalização de estruturas e concepções opressivas, garantir palco ao impasse, e por fim, trazer à realidade a essência ideológica descrita por Thomas.