Não se pode navegar nas margens

Sites, fóruns, redes sociais. Recursos cotidianos para muitos, porém, não alcançáveis para outros. O acesso à internet no Brasil não é democrático, assim, acentuando e sendo fruto da desigualdade social. Ademais, a impossibilidade de conexão tende a afetar as classes mais baixas, empurrando-as cada vez mais para as margens da sociedade.
O advento da internet foi um avanço. Contudo, para Baudrillard, o progresso tem relação direta com a manutenção da desigualdade social. Sob esse viés, compreende-se a internet como evolução, mas, algo que não pode ser usufruído por todos, sendo restringida às camadas superiores.
Nesse cenário, a internet reafirma a desigualdade social e a falta de acesso por parte da população surge desse processo. Conforme dados da consultoria PwC, mais de 120 milhões de brasileiros não se conectam à internet ou possuem conectividade limitada, exemplificando o déficit de um mecanismo primordial na vida contemporânea.
Para além de curtidas em mídias sociais, a internet configura-se como ferramenta de comunicação por meio de aplicativos de mensagens e estudos como em graduações à distância. Logo, se a esfera inferior do país não pode valer-se do instrumento estarão sendo excluídos do estilo de vida atual. Assim, cabe ao poder público garantir seu uso por todos os cidadãos.
Em consonância com Clarice Lispector, a inclusão é essencial. Dessa forma, é preciso que o governo democratize a utilização da internet no território. Tal medida pode ser feita através da criação de uma rede operacional nacional que possibilite o usufruto gratuito mediante cadastro no site do programa Brasil conectado, então, trazendo os brasileiros para o centro da navegação sem que nenhum permaneça nas bordas.