O curta-metragem "Vida Maria", de 2006, retrata várias gerações de uma mesma família, em que as mulheres não possuem acesso à educação por conta da necessidade de realizar trabalhos domésticos em tempo integral. De forma análoga ao curta, é evidente que, no Brasil, diversas mulheres sofrem com esse mesmo impasse, gerando um ciclo dificilmente quebrado. Nesse cenário, é necessário compreender quais são os principais motivadores para a desvalorização da mulher em função de cuidadora.
Diante desse contexto, pode-se afirmar que existe no Brasil uma manutenção constante de valores patriarcais. Em decorrência disso, a mulher é vista como apta apenas para serviços de cuidado, o que a exclui do mercado de trabalho e, até mesmo, do acesso à educação formal. Tal fato se comprova ao analisar uma das teorias de Florestan Fernandes, que afirma que o Brasil possui maior dificuldade em romper com valores vistos como coloniais.
Ademais, mulheres em trabalhos de cuidado enfrentam maiores dificuldades de ascenção (profissional, social etc.) em relação aos homens. Tal fato ocorre pois, por dedicarem mais tempo às demandas domésticas, muitas mulheres não reservam espaço para seu próprio desenvolvimento. Tal cenário se assemelha à metáfora do campo de futebol, de Patrícia Hill Collins e Sirma Bilge, a qual afirma que, em um cenário desigual, torna-se mais dificultoso ao menos privilegiado uma evolução significativa.
Perante o exposto, é notória a necessidade de uma solução para os problemas previamente citados. Portanto, cabe ao Poder Executivo, juntamente ai Ministério do Trabalho, a criação de um projeto nacional, que deve promover a especialização da mulher, bem como o pagamento de auxílio, por meio de parcerias com instituições públicas de ensino técnico, para que, dessa forma, essas mulheres possam se desenvolver e escolher seu próprio destino.