Na obra “Utopia”, do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade idealizada, onde a ausência de problemas e conflitos sociais é de extrema importância para a concretização de tal realidade. No entanto, ao se observar a sociedade brasileira contemporânea, percebe-se que esta se distancia das idéias do autor, uma vez que, o país ainda encontra dificuldades na valorização de comunidades e povos tradicionais. Diante disso, faz-se necessária a análise de fatores que impedem essa aproximação, como a negligência governamental e o preconceito estrutural.
Em uma primeira análise, é notório destacar a ausência de medidas governamentais para promover a inclusão desse grupo na sociedade. Nesse sentido, tem-se que o descaso governamental para com os esses povos faz com que estes se sintam excluídos do corpo social e obrigados a viver de forma singular. Essa conjuntura, segundo o filósofo John Locke, configura-se como uma violação do contrato social, ja que o Estado não cumpre sua função de garantir com que os cidadãos desfrutem de direitos básicos como a educação, saúde e lazer. Logo, mostra-se de extrema necessidade a reformulação de tal postura estatal.
Ademais, é válido apontar o preconceito estrutural da população urbana para com as comunidades e povos tradicionais como agente impulsionador da desvalorização destes no Brasil. Segundo dados do jornal “Folha de São Paulo” “cerca de 35% da população brasileira não reconhece ou valida os esforços e conquistas das comunidades e povos tradicionais brasileiros”. Diante de tal exposto, entende-se que a população urbana não recebe uma educação adequada acerca do assunto e que esse preconceito estrutural impede a inclusão e valorização desses povos na sociedade.
Portanto, a necessidade do combate a esses fatores é inegável. Para isso, cabe ao Ministério do desenvolvimento social, juntamente ao Governo Federal a revisão e ampliação dos direitos e garantias desses grupos, pata que estes participem do corpo político e social brasileiro. De forma análoga às intervenções governamentais, cabe também ao Ministério da Educação a disponibilização de palestras com fins educativos nas escolas, para que a população urbana seja informada sobre a importância das comunidades e povos tradicionais. Assim, se consolidará uma sociedade mais inclusiva, onde o contexto social se aproxima das ideias de More.