Na profunda percepção do famoso polímata brasileiro Gilberto Freyre, os primeiros habitantes dos territórios brasileiros têm importante impacto cultural e social na formação do país, apesar do quase nulo respeito por tal. Sua visão reflete os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil. Apresentando a crescente problemática como uma situação grave, que necessita de rápidas atitudes. De maneira institucional, se faz necessária a reeducação social no que diz respeito às comunidades precursoras do nosso território.
Historicamente, os povos originários têm em seu passado grandes lutas contra o preconceito, e o sofrimento de terem suas crenças, culturas e costumes reduzidas e desmerecidas pelos bárbaros povos europeus durante a colonização e o Império. No entanto, a contribuição cultural, gastronômica e na formação social tupiniquim vinda dos povos tradicionais, tornou o Brasil um país de riquezas singulares. Na atualidade, a situação, porém, é análoga ao cenário preconceituoso e violento acontecido anteriormente, como no claro exemplo de desvalorização, invasão e desrespeito acontecido em uma reserva Yanomami, no início do ano.
Em consonância com a longa luta por igualdade e respeito, os povos originários foram, por muitas vezes, retratados subilmente pelo cenário artístico nacional. Como no hino eternizado na voz da mineira Clara Nunes, Canto das Três Raças, que narra a luta pela valorização até hoje. Em um contexto de indiferença e falta de conhecimento por parte da grande maioria da população verde e amarela, é contextualizada a visão de Freyre. Demonstrando que, apesar de grande herança cultural e importância social obtida das comunidades originárias, ainda é mínima a reverência necessária para com essas minorias.
Uma nação bem-educada conhece, protege e se orgulha de suas origens. Dessa forma, se faz necessária a educação individual de cada cidadão, para que o Brasil como um todo, conheça, respeite e entenda sua história. O Estado também possui papel decisivo nessa mudança de postura, se colocando ao lado dos povos originários e assegurando seus direitos, previstos na Constituição Federal e na Declaração dos Direitos Humanos. É de suma importância escrevermos, com a ajuda de todos, um presente e um futuro muito diferentes do passado de preconceito e desvalorização.