" O mais escandalosos dos escândalos é que nos habituamos a ele." A afirmação direcionada a filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir se aplica facilmente ao contexto atual vivenciado no Brasil, a carência resolutiva no combate às tragédias. Desse modo, corroboram para a perpetuação desse cenário o comodismo da sociedade brasileira e a falibilidade legislativa.

A priori, é visível o comodismo da sociedade diante as enchentes que permeiam no cenário brasileiro. Isso ocorre porque a população moldada pelo capitalismo encontra-se frente a um consumo exagerado, por conseguinte, produzindo mais lixo e descartando de forma incorreta como em bueiros e rios que percorrem os centros urbanos. A naturalização no descarte de resíduos pode ser comparada ao pensamento do escritor Umberto Eco, onde ele afirma que, "justificar tragédias como 'vontade divina' não tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas," posto que a população não encherga a si própria como causadora e sim como "vontade divina'".

Outrossim, é imperativo pontuar a falta de políticas públicas frente a essa problemática. Todavia, o crescimento desenfreado dos centros urbanos e mal planejamento das cidades contribuem para uma deficiência no escoamento da água, segundo reportagem do site G1 2020. Além do mais, mesmo diante tanta destruição, mortes e alagamentos as cidades se comportam de forma passiva, enfrentando os mesmos problemas ano após ano.

Em síntese, medidas devem ser efetivadas frente a falta de estratégia. Posto isso, cabe às prefeituras em parceria com a defesa civil e o Ministério do Meio Ambiente realizar um projeto de conscientização da sociedade, visando trabalhar a importância do descarte correto do lixo e orientar as medidas cabíveis em caso de enchentes, a fim de alertar e instruir a população. Às prefeituras juntamente com o departamento de obras, mapear as áreas com maiores ocorrências de inundações e realizar obras de drenagem, com o fito de melhorar o escoamento da água.