Sob a percepção de Michel Foucault, a normalização é caracterizada pela repetição de comportamentos sem reflexão adequada. Tal análise pode ser aplicada à postura da comunidade brasileira diante do combate ao assédio moral no trabalho, já que, assim como designou o pensador, a habitualidade frente à reprodução do problema. Nesse contexto, percebe-se a configuração de um grave problema de contornos específicos, em virtude da má formação socioeducacional e do silenciamento midiático.

A princípio, vale ressaltar, que a educação deficitária do brasileiro é um fator determinante para a persistência desse impasse. Isso, conforme a perspectiva filosófica de Arthur Schopenhaeur de que a visão limitada do indivíduo determina seu entendimento do mundo ao seu redor. Tal premissa evidência uma falha na educação básica verde-amarela no que diz respeito aos comportamentos abusivos no ambiente de trabalho, haja vista que as vítimas não possuem conhecimento de como agir, por receio de perder o emprego. Dessa maneira, a função das instituições de ensino é fundamental para a preparação de jovens conscientes de seus diretos, para que esses indivíduos possam buscar ajuda.

Além disso, a ausência de debate nas mídias em relação às condutas desmoralizantes sucedidas no trabalho é um entrave no que tange o problema. Em consonância com a concepção do sociólogo Pierre Bordieu, o que foi criado para ser instrumento democracia não deve ser convertido em mecanismo de opressão. O pensamento de Bordieu não é aplicado pela imprensa, uma vez que os meios de comunicação não tem cumprido sua função para tirar essa situação da invisibilidade.

Depreende-se, portanto, a relevância da resolução dessa questão social. Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério do Trabalho, deve promover uma discussão sobre violência moral no local de trabalho, por meio palestras educativas, aberta ao público, ministradas nas escolas acerca dos direitos trabalhistas, para que os cidadãos se conscientize, a fim de incentivar as denúncias. Paralelamente a isso, cabe aos veículos midiáticos divulgarem a iniciativa dos ministérios. Dessa forma, o Brasil poderá se distanciar desse cenário de normalização caótico.