O assédio no Brasil (assim como no resto do mundo) é uma problemática invasiva, afinal, a mulher não é mais "posse" do homem como no passado. Diante disso, a não aceitação de comportamentos e palavras violentas e assediadoras principalmente pelas mulheres gera revoltas, movimentos e até mesmo novas leis. Porém o que nos falta é não apenas criar ou consumir conteúdo sobre as lutas de pessoas assediadas, mas também falar sobre o problema em si, sobre o assédio, que se encontra muito longe de cessar.
Como ponto de partida devemos considerar a nascente dessas águas violentas: o assediador. Identificamos o assediador quando este se comporta de forma a violentar e abusar física, verbal ou socialmete a vítima; age de forma pervesa constrangindo e se apropriando do corpo da pessoa sem consentimento; entre outros.
Ou seja, o assédio é tudo aquilo que é feito para com alguém contra sua vontade. Aquela passada de mão no corpo da mulher em um momento de simulada distração, aquela frase ou palavra ofensiva disfarçada de "elogio", aquela insistência em ficar com uma garota na balada quando ela já disse que não quer; e até mesmo aquele olhar ou assobio de desconhecidos na rua não são "normais", são crimes e podem ter penas entre 6 e 30 anos.
Além do desrespeito e constrangimento da vítima, o assédio pode ter consequências muito mais sérias e chegar por exemplo a nível de pedofilia, estupro e gravidez indesejada. A diferença desses último está na gravidade, na maior violência e até mesmo risco de morte. Sem contar as sequelas psicológicas como traumas, bloqueios e gatilhos gerados na vítima, que dificultam suas futuras relações, sua auto estima, a tornam propensa a desenvolver transtornos mentais e podem levar ao suicídio.
Em suma, somos seres racionais e falantes mas muitos de nós agem como meros animais no cio. A partir do momento em que temos a capacidade de decidir o que pode ou não ser feito com o nosso corpo e reputação, o desejo sexual não significa o direito de praticar o sexo. Isso vale não somente para desconhecidos e pessoas com quem não temos intimidade, mas também para parceiros.