O caráter visível de uma população ditada por valores sociais,
baseados na crença de uma massa maioritária dominante, dotada de
valores e práticas oriundos de heranças coloniais pouco convencionais, na
qual o conceito de pluralidade religiosa era fortemente desprezado. Por
esse motivo, faz-se necessário um debate entre sociedade e estado para
implementação de medidas eficazes a fim de solucionar o problema da
disparidade de crenças no país.
A princípio, é importante salientar a intolerância como uma
questão estrutural, em que os interesses de uma classe superior procedem
os de uma classe minoritária, sendo assim, como defende Karl Marx não é
a consciência que infere no ser, mas é a posição na sociedade que
influenciam os valores e concepções de uma consciência individual. Com
isso, aplicando o princípio marxista no problema religioso vigente observa-
se um padrão entre ambos aspectos, na classe dominante predomina a
ideologia de sobreposição a outros contingentes culturais, na qual o
fanatismo de comunidades religiosas predominantes, geralmente de
origem cristã, aliadas ao racismo estrutural, ameaçam a coexistência
cultural existente.
Destaca-se ainda, a importância da liberdade de escolha de
crença, bem como proteção aos locais de culto, garantido em forma de lei
na constituição de 1988, instituindo um estado laico em que todos os
indivíduos são iguais perante a lei, impondo ao poder público o dever de
assegurar o acato desse regulamento. Todavia, a inoperância do
cumprimento dessa medida evidencia a ineficiência do governo em validar
a segurança no que tange a livre expressão religiosa e seus praticantes, com
isso tornando ilegítimo seu título de estado soberano e democrático. Em
detrimento disso, o número de casos de pratica de agressões e difamações
contra religiões de matriz africana aumentou constantemente nos últimos
anos segundo dados do ministério público federal.
Por isso tudo, cabe a sociedade civil por meio de debates, através
dos meios de comunicação e por meio de protestos organizados, exigir a
aplicação imediata e a rigor da não condescendência perante atos de
adversidade religiosa, e meios para que informem a população através decampanhas de conscientização pela tv e internet sobre esse óbice,
divulgando informações sobre o tema e contatos para denúncia.
Concomitantemente, é fundamental o papel que a escola tem na vida das
crianças e adolescentes, pois segundo Kant o ser humano é aquilo que a
educação faz dele, para tanto as instituições de ensino devem promover
esse diálogo com seus alunos, organizando palestras com especialistas no
assunto e círculos de conversa entre os próprios estudantes, em prol de
quebrar estereótipos sobre estes conceitos e estimular a tolerância entre
jovens.