Na obra "Utopia", do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual permanecem a harmonia e o respeito entre os cidadãos. Entretanto, fora da ficção, percebe-se que essa realidade não se enquadra ao cenário atual, uma vez que, comumente, a arquitetura hostil é uma problemática persistente. Nesse contexto, isso ocorre devido à ineficiência do Estado e ao conhecimento limitado da grande parte da população.
Sob esse viés, cabe analisar a falta de eficiência estatal como perpetuadora do imbróglio. Para Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, o Estado pode ser considerado um zumbi, uma vez que ele compõe o corpo-social, no entanto, não atua de maneira eficiente e assertiva para o pleno progresso da sociedade. A princípio, evidencia-se a escassez de medidas governamentais que impulsionam a inserção dos desvalidos no meio social, que, por conseguinte, são frequentemente excluídos e discriminados na sociedade. Assim, para que esse bem-estar seja usufruído, o Estado deve sair da imobilidade em que se encontra.
Além disso, a falta de informação é um grande impasse. Segundo o pensador Thomas Hobbes, "o homem é o lobo do homem". Nessa perspectiva, pode-se relacionar a precariedade de informações com o desinteresse por parte da população em relação às pessoas vulneráveis que não possuem moradia, gerando desconhecimento e, assim, estranheza aos mais diversos cidadãos. Por mais que a Constituição de 1988 assegure que todos são iguais perante à lei, há indivíduos que pretendem afastar pessoas em situação de rua, construindo diversos blocos de concretos e esculturas pontiagudas embaixo de viadutos utilizando a justificativa de evitarem o descarte de lixo em locais públicos .
Infere-se, portanto, que medidas são necessárias para atenuar o entrave abordado. Para isso, o governo deve criar uma agenda específica sobre essa temática, por meio da organização de fundos e projetos, a fim de reverter o descaso governamental que afeta o combate da desurbanidade. Tal ação pode, ainda, contar com consultas públicas para entender as reais necessidades dessa população. Paralelamente, è preciso intervir sobre a falta de conhecimento pressente no problema. Dessa forma, pode-se concretizar a "Utopia" de More na sociedade.