A Constituição Federal Brasileira prevê no artigo 5.º, cláusula pétrea da Magna Carta, entre muitos outros direitos, a saúde como de acesso inviolável a todos os brasileiros. Mesmo com essa prerrogativa, a saúde mental vem sendo ignorada e diminuída e por tal o Brasil se encontra como o país mais depressivo da América Latina e segue estigmatizando os cuidados na parte psicossocial de seus cidadãos.

Esse tema é muito sensível e ganha certa atenção recente na sociedade brasileira, visto que nas décadas passadas a ideia de questões emocionais e psicológicas eram tratadas em tom banal. No livro, "Holocausto Brasileiro", de Daniela Arbex, é facilmente enxergado o destrato aos cuidados mentais pelo médicos, famílias brasileiras e o Estado, já que em meados de 1960 o Hospital Colônia abrigou milhares de pessoas com diagnóstico de doenças mentais e outras condições consideradas desvio no padrão comportamental da época e executou uma higienização social que levou 60 mil internos a morte.

Com a repercussão de sequelas de mesma categoria na sociedade e com a chegada de novas gerações, o assunto foi tratado com alarme de forma mundial. No livro, "Sociedade do Cansaço", do filósofo Byung Chul-Han, é mostrado como a sociedade repressora, conservadora e disciplinar vista no livro de Arbex, foi transformada para um discurso toxicamente positivo que acaba por pressionar o indivíduo a se exigir ao máximo e sempre, tendo uma vigilância mental constante de si próprio. Mesmo com menores restrições, esse cansaço generalizado e total possibilitou o crescimento da depressão e da síndrome de Burnout, que se escondendo na ideia de liberdade quando só representa velocidade e esgotamento em um sistema fracamente capaz de lidar com tão pungente concepção exaurível.

Portanto, se faz necessário que Governo Federal por meio do Ministério da Saúde aja construindo uma maior malha de saúde psicológica do SUS e nas escolas, além de realizar campanhas incentivando o acesso a esses serviços para romper a ideia negativa e preconceituosa do tratamento mental e emotivo. Desta forma, será possível servir melhor a população e impedir que se firme o cansaço geral, assim cumprindo a saúde universalizada proposta no artigo 5.º.