Desde o Brasil Colônia é possível observar uma desigualdade social existente no país, quando os portugueses escravizaram os povos nativos e os fizeram trabalhar longas jornadas, enquanto os colonizadores ficavam cada vez mais ricos. Essa discrepância se estendeu ao longo dos anos, principalmente durante as Revoluções Industriais, onde os donos de fábricas ganharam dinheiro à custa do bem estar dos operários, os quais passavam por diversos absurdos para sustentar suas famílias. Nota-se que essa disparidade persiste na atualidade de modo cada vez mais grave, fazendo com que a exclusão social também esteja cada vez mais preocupante, chegando ao ponto de planejarem a arquitetura de um lugar para que um certo grupo de pessoas não possa se encostar ou deitar no local. Por conta disso, vê-se a importância de debater a arquitetura hostil vista diversas vezes nos dias de hoje.
É importante ressaltar que o comportamento de exclusão das classe diferentes ocorre no Brasil desde o tempo imperial, onde quando decretada a Lei Áurea, na qual libertava os escravizados, os mesmos foram excluídos da sociedade e deixados ao acaso, muitas vezes não podendo ocupar as mesmas áreas que a elite branca, fazendo-se necessário a criação de um espaço para eles, hoje em dia as chamadas favelas. Ou seja, a ação de elitizar totalmente algumas zonas nobres, a ponto de impedir que as pessoas em situação de rua possam sequer encostar lá para descansar é algo já visto de diversas formas na história do Brasil.
Está previsto na Constituição Federal direito à moradia digna, porém não se estaria discutindo a arquitetura hostil se fosse comprido de forma plena. Sendo assim, qual a necessidade de tirar dos moradores de rua o espaço no qual eles poderiam relaxar já que o Governo Federal não consegue cumprir seu dever como Estado e fornecer moradia a todos. Dessa forma observa-se que essas mudanças feitas em lugares públicos e privados só são realizadas pela falta de consciência social e o descaso governamental.
O filósofo Thomas Hobbes afirma que é responsabilidade do Estado garantir o bem estar da nação. Portanto, em vista dos argumentos apresentados, percebe-se que para acabar com a arquitetura hostil é necessário que ocorra o cumprimento da lei, garantindo moradia plena a todos. Para isso, o Governo Federal, órgão responsável por gerir o país e garantir que a população tenha acesso aos seus direitos, em conjunto com o Governo Estadual, precisa de uma iniciativa para que as pessoas sem um lar possam ocupar imóveis vazios, subsidiados pelo Estado. Principalmente considerando que já foi comprovado que essa ação seria suficiente para retirar quase todas as pessoas que moram nas ruas dessa situação. Assim, a arquitetura hostil dará lugar a um novo designer urbano e garantirá o cumprimento da Constituição.