O romance filosófico "Utopia"- Criado pelo escritor inglês Thomas Morus, no século XVI - retrata uma civilização perfeita e idealizada, na qual a engrenagem social é altamente segura e desprovida de conflitos e problemas. Tal obra fictícia mostra-se distante da realidade contemporânea no tocante à arquitetura hostil e o reflexo nos moradores de rua, um problema ainda a ser combatido no Brasil. Esse panorama lamentavelmente ocorre não só em razão da desigualdade social, mas também da insuficiência governamental, de modo que, torna-se fundamental a análise dessa conjuntura para reverter esse quadro.
Com base nesse cenário, é importante perceber o quanto a desigualdade social brasileira advém do histórico desinteresse econômico e político em unificar o crescimento do país. Isso acontece porque o desenvolvimento social depende de uma minoria que detém o poder econômico e da força das instituições nacionais, as quais muitas vezes são lideradas por núcleos políticos corrompidos pelo patrimonialismo, ou seja, pela cultura de gerir o Estado como um patrimônio privado. Essa teoria hoje é estudada pela historiadora Lilia Schwarcz e denuncia o quanto as dificuldades de conduzir o crescimento equitativo do país são acentuadas à medida que a postura arbitrária de priorizar interesses pessoais se enraíza.
Ademais, percebe-se que o principal entrave para que tantas pessoas no Brasil não se "encaixem" na sociedade é a insuficiência governamental a qual tem como objetivo a exclusão de grupos vulneráveis. Assim, a partir dessa insuficiência, forma se um ciclo de desigualdades, observado no fato do país estar entre as maiores economias do mundo, segundo a FMI, e superar mais de 280 mil moradores de rua, segundo ao IPEA em 2022, e isso mostra o quanto as marcas da desigualdade no Brasil persistem não pelo ausência de recursos, mas pela falta de disposição política e de mobilização coletiva da parte do poder econômico.
Infere-se, portanto, a necessidade de mitigação dos entraves em prol da diminuição da arquitetura hostil. Assim, cabe ao governo nacional, mediante ao aumento de 38% dos moradores de rua, segundo ao |PEA em 2022 com relação a 2019, ampliar as barreiras de segurança dos centros urbanos sem que haja exclusão ou opressão a grupos vulneráveis. Dessa forma, pode-se concretizar a "Utopia" de Thomas Morus na sociedade brasileira.