O mito da caverna, de Platão, descreve a situação de pessoas que se recusavam a observar a verdade devido ao medo de sair de sua zona de conforto. Fora da alusão, a realidade caracteriza-se com a mesma problemática no que diz respeito a persistência de relacionamentos abusivos na sociedade moderna. Nesse contexto, em razão do machismo e da falta de debate, emerge um problema complexo, que precisa ser revertido.
Em primeiro lugar, é importante salientar que o machismo é uma causa latente do problema. Segundo Simone de Beauvoir em sua obra O Segundo Sexo, a humanidade é masculina e o homem não define a mulher em si mas relativamente a ele, a fazendo não ser considerada um ser autônomo. Sob esse viés, pode-se afirmar que a sociedade com sua cultura machista e patriarcal, continua retirando a autossuficiência da mulher ao submetê-la a um homem, tornando complicada a saída de uma relação abusiva já que sempre foram instruídas a serem submissas e tratar agressões psicológicas e físicas com normalidade, fazendo a condição de vítima transformar-se em comodidade.
Além disso, outra causa para a configuração do problema é a falta de debate. De acordo com Albert Einstein, é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito. Nessa perspectiva, o machismo age continuamente em nossa sociedade pelo silenciamento dessa problemática, a violência contra a mulher é uma pauta que não recebe tanta atenção como deveria, contribuindo com o desconhecimento da população e a perpetuação do machismo estrutural.
Portanto, uma intervenção faz-se necessária. Para isso é preciso que o Governo Federal em parceria com os Ministérios da Educação, Justiça e Cidadania juntamente com as demais frentes parlamentares tomem medidas para que haja uma maior conscientização dos indivíduos, com palestras e campanhas nas escolas e faculdades, fazendo-os refletir sobre o machismo e como essa questão é silenciada. Essas ideias precisam ser reforçadas por meios de leis, com a finalidade de realmente proteger a vida das mulheres. Ademais, é preciso potencializar, abrir espaço e dar importância as pautas feministas, para que as mulheres se sintam encorajadas a combater tamanha impetuosidade contra sua integridade. A partir dessas ações, poderá se consolidar um Brasil melhor.