É incontestável que a solidariedade orgânica, concepção fomentada pelo sociólogo Émile Durkheim, é baseada na complexidade da modernidade que gera o estado de anomia, ou seja, falência social na qual a consciência coletiva é enfraquecida, sobretudo, ao tratar da exagerada exposição virtual. Nessa lógica, é notório que essa emblemática é negligenciada, uma vez que o uso massivo das redes sociais gera o detrimento da intimidade pessoal. Nesse viés, é cabível analisar a ausência de indiligência governamental e a ceguidade social.
A partir disso, vale ressaltar que a ineficácia do poder público é um dos principais entraves para a solidificação desse emblema. Diante desse cenário, o filósofo Thomas Hobbes evidencia que o Estado surge para designar a ordem e mitigar os problemas, como a utilização exorbitante do espaço virtual. Contudo, é visível que essa instituição não cumpre seu papel na prática, visto que o descaso no estabelecimento do controle da busca excessiva dos usuários por visibilidade e fama acarreta o desgaste da saúde mental e a incidência de crimes nessa área. Por esse efeito, é nocivo e repugnante que a inércia governamental torne esse impasse insolúvel no âmbito brasileiro.
Ademais, pontua-se que a ausente visão populacional ocasiona a incapacidade de combater o avanço dessa problemática. Nessa perspectiva, a cegueira moral, conceito intitulado pelo escritor José Saramago, é caracterizada pela ceguidade acometida na sociedade que a impossibilita de enxergar que a internet é um espaço ilusório. Sob tal ótica, é indiscutível que há uma passividade em torno desse meio de comunicação, pois a propagação de um cenário perfeito, globalizado e de fácil acesso institui aos indivíduos o desejo de expor e consumir à vida alheia em detrimento à saúde psíquica. Dessa forma, a inadmissível que essa negligente venda continue intrínseca na conjuntura do país.
Por conseguinte, é imprescindível atenuar o impacto acima. Destarte, é necessário a participação do Ministério da Saúde, órgão do governo responsável por esse setor, que deve fomentar um projeto de lei apresentado à Câmara dos Deputados, a partir do estabelecimento de fiscalizadores virtuais que forneçam assistência para desamparos emocionais e, além disso, possam servir como meio de denúncia das violações que ocorrem devido à vulnerabilidade dos usuários. Espera-se, com isso, garantir que os indivíduos percebam que essa rede de comunicação é fraudulenta e desgasta o psicológico. Assim, a crise da consciência coletiva, definida por Durkheim, será mitigada.