Segundo o sociólogo francês Émile Durkheim, na obra "De la Division du Travail Social", a existência de uma sociedade, bem como a própria coesão social, está baseada num grau de consenso entre os indivíduos, a qual o autor designa de solidariedade. No entanto, hodiernamente, nota-se a deturpação de tal concepção, uma vez que, em sua maioria, a sociedade brasileira abdicar-se de solidarizar-se para com o seu semelhante. Esse cenário nefasto ocorre não só em razão da inadimplência educacional, mas também devido ao extremismo político, o qual por vezes, é propugnado por uma pletora de políticos. Diante dessa perspectiva, faz-se imperiosa a análise dos fatores que favorecem esse quadro.
Convém ressaltar, em primeiro plano, que o problema advém, em muito, da inidoneidade dos educadores. Conforme Immanuel Kant, “É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade”. Sob esse viés, é indubitável que as escolas possuem papel fundamental no desenvolvimento empático do indivíduo, posto que, tais instituições são, sobretudo, um local cujo contato social e diurnal. Entretanto, ao se observar o atual cenário nacional vê-se que tal imprescindibilidade é relegada por a maioria dos catedráticos, visto a ineficaz metodologia de ensino das instituições escolares. Dessa forma, é inescusável a alheação dos professores acerca das questões interpessoais, as quais são, em síntese, um recurso fundamental para a erradicação desse cenário incólume.
Outrossim, o extremismo político corrobora para a perpetuação dessa conjuntura. Mormente, é imperioso destacar a notável precedência da população a assuntos cujos princípios esteiam-se nas percepções governamentais. Concomitantemente, nota-se que as diferenças ideológicas raramente são respeitadas, o que por conseguinte, propícia uma constante contenda política, a qual foi intensificada com o advento das redes sociais. Esse panorama lamentável impugna a tese de Fernando Pessoa no livro Desassossego, quando ele diz: “Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende de minha subjetividade.”
Dessarte, medidas cabíveis são necessárias para uma amenização ou possível superação do impasse. Para isso, cabe ao Ministério da Educação — ramo do Estado responsável pela formação civil — a implementação de assuntos a grade curricular, os quais, em suma, devem promover o debate acerca das questões fulcrais para o desenvolvimento social e comunicativo do aluno, objetivando a erradicação dos problemas interpessoais na sociedade. Dessa forma, poder-se-á garantir que, desde a tenra idade, a empatia seja princípio estruturado na consciência daqueles que a conheceram, assim previsto por Émile Durkheim.