No meio acadêmico e educacional, a desvalorização de autores indígenas se consiste num dilema, ainda a ser superado, porque, consoante ao Censo de 2010, o Brasil possui 305 etnias, que falam 247 línguas diferentes, entretanto, essa riqueza e diversidade não é explorada. Nesse sentido, para mudar essa realidade, é necessário enfrentar dois principais obstáculos: a descaracterização da diversidade dos grupos indígenas e a desconsideração das falas e obras de autores dos povos originários.

Perante a primeira análise, percebe-se a falta de conhecimento da sociedade em geral, com relação à diversificação das etnias indígenas, visto que, nessa perspetiva, um exemplo de tal cenário, é o desconhecimento dos professores relativamente ao tema, decorrente aos materiais insatisfatórios disponibilizados aos docentes segundo a lei 11.645/2008, muitas vezes as características individuais de cada etnia, a título de exemplo, são apagadas pelos livros, unificando levianamente esses grupos. Em consequência disso, a sociedade continua a ser educada de maneira errônea em relação ao indígena brasileiro.

Em segunda análise, é alarmante a ausência de autores dos povos tradicionais sendo referência no assunto, já que são privilegiados autores, antropólogos e historiadores brancos. Nesse viés, é comum que a leitura de José de Alencar seja privilegiada em comparação a obra de indígenas. Consequentemente, é gerada uma visão torpe dos costumes e modo de vida dos povos originários modernos.

Diante do exposto, para contornar a falta de valorização acadêmica de autores indígenas, é preciso uma reformulação dos materiais didáticos voltados à educação. Nesse contexto, cabe ao Ministério da Educação a missão de reformular os materiais educacionais, buscando corrigir a representação do tema, por meio da inclusão de materiais produzidos por indígenas brasileiros, com o intuito de instruir corretamente os jovens com relação aos povos originários e, assim, construir uma geração consciente e inclusiva diante dessas múltiplas culturas.