Jean Paul Sartre, filósofo francês, defendeu a ideia de que o homem está condenado ao direito de ter acesso à cultura e que não há nenhuma barreira que possa mudar isso. Tomando como norte a máxima do autor, entende-se que tal ideal é falho na sociedade brasileira contemporânea quando se coloca em foco a questão do acesso democrático à cultura, visto que grande parte das fontes culturais estão restritas à elite causando, então, a alienação cultural da população de baixa renda.
Inicialmente, é necessário destacar que, no Brasil, a maior parte da matriz cultural se encontra concentrada nas mãos da população mais rica, contrariando, assim, as ideias de Confúcio, pensador chinês que dizia que a cultura deve estar acima das questões sociais. Destarte, tem-se que na sociedade atual o acesso às salas de cinema e teatro, por exemplo, requer o pagamento de altos preços, bem como tais instalações se encontram, muitas vezes, em áreas nobres, fato que corrobora ainda mais para a elitização da cultura.
Desse modo, nota-se que tal segregação causa, indubitavelmente, a alienação cultural das camadas mais pobres da população, haja vista que estas, em sua maioria, não possuem condições financeiras de arcar com os altíssimos custos necessários para se ter acesso à cultura, provando a ineficiência do Artigo 125 da Constituição, o qual prevê a garantia do exercício dos direitos culturais.
Portanto, vistos os desafios que contribuem para a falta da democratização cultural, é mister uma atuação governamental. Diante disso, cabe ao Ministério da Cultura, juntamente as prefeituras locais, garantir que fontes culturais sejam entregues à toda população brasileira por meio da implementação de mais espetáculos gratuitos, como apresentações de dança, que devem ser realizados, sobretudo, em áreas periféricas de modo a fazer com que a ideia de Jean Paul Sartre possa, finalmente, ser concretizada.