No livro “1984” de George Orwell é apresentado um governo totalitário comandado pelo “Grande Irmão”, o qual impõe os “Dois minutos de ódio” obrigatório, para expressar a raiva dos cidadãos para com seu inimigo. Fora da ficção, o quadro mostrado pela obra, não distancia-se da realidade vivenciada hodiernamente, já que constantemente as pessoas expressam um ódio descontrolado nas redes sociais para com aquilo que consideram errado, estabelecendo na coletividade a cultura do cancelamento, seja em virtude de uma base educacional lacunar, seja por uma sensação de superioridade dos indivíduos.

A priori, uma falha na base educacional se configura como um empasse na resolução do problema. De acordo com a teórica Vera Maria Candau, O sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas significativas para as inquietudes da modernidade. Nesse sentido, no que tange à cultura do cancelamento no cenário atual, a educação não tem cumprido seu papel dentro da sociedade, já que ela não trabalha a formação da mentalidade dos alunos no que diz respeito ao problema, alimentando neles uma “irracionalidade” e instigando uma fúria para com aquilo que eles não consideram correto, enraizando essa adversidade no meio coletivo.

Ademais, a sensação de superioridade dos indivíduos que semeiam o furor na internet, agrava essa situação. Sob esse viés, a teoria da Eugenia, utilizada como base do Nazismo, defende o controle social por meio da seleção de aspectos considerados melhores, ou seja, haveria seres humanos superiores, dependendo de suas características. Nessa perspectiva, na atualidade, a noção eugênica pode ser percebida na questão da cultura do cancelamento na modernidade, pois uma pessoa, ao impor o que é o “certo” dentro da sociedade, acaba exercendo um caráter superior diante das outras, incentivando ira delas nas mídias sociais, e por sua vez, contribuindo para a consolidação do empasse na coletividade.

Ante o exposto, é mister que o MEC com auxílio de verbas governamentais, desenvolva nas escolas um projeto para fortificar a base educacional. Seguindo essa lógica, esse projeto deve consistir na criação de um aplicativo, que terá a função de um “fiscalizador”, nele serão postados modelos de aulas e vídeos de instruções para os professores, a fim de formar o pensamento racional dos alunos e resolver essa falha na educação. Outrossim, o Governo deve incentivar a criação de uma hashtag nas redes sociais, que servirá para mostrar que todas as opiniões são válidas, contanto que respeite as outras pessoas, a fim de erradicar do meio social o caráter superior dos indivíduos. Dessa forra, o ódio expresso pela população no livro “1984”, será dissolvido na realidade.