A obra ‘’ O Grito’’ do artista Edward Munch, coloca em destaque um ser que parece experimentar extremo desconforto e pânico perante o desconhecido. Essa representação vai de encontro à ausência do sentimento de estranhamento social frente a busca incansável pelo corpo idealizado, visto que, ao contrário ao pensamento do personagem, a sociedade não mais se espanta diante desse quadro. Nesse sentido, a fim de mitigar os males relativos a essa temática, é importante analisar a alienação e a lacuna educacional presente no corpo social.

Em primeira análise, ressalta-se que há, no Brasil, uma visão idealizada sobre o corpo que foi construída e fortalecida dentre a população. Nesse contexto, é lícito referenciar o filósofo grego Platão, que em sua obra ‘’ A República’’, narrou o intitulado ‘’ Mito da Caverna’’, no qual homens acorrentados em uma caverna, viam somente sombras na parede, acreditando, portanto, que aquilo era a realidade das coisas. Dessa forma, é notório que, em situação análoga à metáfora abordada, os brasileiros, alienados em razão do padrão corporal imposto na sociedade, vivem na escuridão, isto é, ignorância, buscando incessantemente por um corpo idealizado e muitas vezes maléfico para sua saúde. À vista disso, é essencial efetivarmos a quebra desse pensamento engessado dentre a população canarinha, indo em salvaguarda destes indivíduos.

Além disso, é interessante pontuar que a lacuna educacional é uma das causas do problema. De acordo com a pesquisa ‘’ Há Uma Beleza Nada Convencional’’, viabilizada pela Dove, 83% das mulheres de sete países diferentes afirmam que se sentem pressionadas a atingir a definição de beleza. Desse modo, consoante com a ideia defendida pelo educador Paulo Freire, no livro ‘’ A Educação do Oprimido’’, que o ensino é uma forma libertadora cujo objetivo é despertar a criticidade do aluno, de modo a incentivá-lo na busca de sua autonomia e consciência social, fica claro a importância de propiciarmos um ambiente acadêmico eficiente.

Diante do exposto, infere-se que medidas são necessárias para impedirmos a busca por essa concepção idealizada no Brasil. Portanto, é pertinente que o Ministério da Educação, utilizando de profissionais capacitados, providencie palestras dentro do meio estudantil, conscientizando essa nova parcela da sociedade tupiniquim sobre os reveses que circundam esse corpo ideal, para então quebrarmos esse paradigma. Somente assim, poder-se-á atenuar as complicações relacionadas a essa incansável busca, produzindo um sentimento como aquele apresentado na obra ‘’ O Grito’’.